O PAPEL DA FISIOTERAPIA NA RECUPERAÇÃO DA LESÃO MEDULAR








A medula espinal fica dentro da coluna vertebral e funciona como se fosse um emaranhado de fios elétricos que levam informações do cérebro para o restante do corpo e vice-versa.

Quando a medula espinal sofre algum tipo de lesão, devido, por exemplo, a um acidente automobilístico, a uma queda ou ferimento por arma, as informações que deveriam sair do cérebro e chegar aos braços, às pernas, à bexiga e ao intestino não atingem o seu objetivo ou chegam de forma diferente, como é o caso da personagem Luciana, vivida por Aline Moraes na novela "Viver a Vida", que, após sofrer um acidente no ônibus que viajava, fica tetraplégica.

O paciente pode ter comprometimento de seus movimentos - paraplegia ou tetraplegia -, perder o controle voluntário sobre as fezes e a urina, apresentar alterações nas funções sexuais, ter dificuldade de permanecer na posição sentada sem apoio nas costas, dentre outras alterações.

O acompanhamento desse paciente por uma equipe interdisciplinar - formado por fisioterapeuta, educador físico, médico, enfermeiro, terapeuta ocupacional, psicólogo, assistente social, nutricionista, em alguns casos o fonoaudiólogo, dentre outros - é de extrema importância em sua vida e em sua recuperação.

Vale lembrar que a família e os amigos mais próximos também merecem atenção por parte da equipe de saúde, pois a lesão medular é uma situação que acarreta mudanças drásticas na vida do paciente e, consequentemente, na vida das pessoas ligadas a ele.

Medo, angústia, desespero, depressão, necessidade de mudança em seus planos e em seus sonhos são sentimentos que esses pacientes e seus familiares experimentam, a partir do momento em que recebem a notícia da lesão medular.

Sabe-se que as sequelas podem ser diferentes de paciente para paciente, tudo depende da forma como a medula de cada pessoa foi lesada. A recuperação dos pacientes também é completamente distinta em cada caso.

A Fisioterapia é parte essencial e totalmente indispensável no tratamento deste tipo de lesão. O fisioterapeuta avalia e reavalia o paciente constantemente e, conforme as suas necessidades, traça um programa de tratamento específico.

Por meio da Fisioterapia realiza-se a prevenção de úlceras de pressão ou de escaras - feridas que podem acometer pessoas com alteração de sensibilidade e de movimentação -, também se preveni complicações, como os encurtamentos musculares e a rigidez articular.

Por meio de técnicas específicas, também é possível estimular o potencial remanescente do sistema nervoso do paciente, no sentido de recuperar os seus movimentos, controlar o seu equilíbrio corporal, além de tentar fazer com que o paciente possa voltar a andar.

Os exercícios estimulam ao máximo a autonomia do paciente, ajudando-o a retomar as suas atividades da vida diária - se vestir, se alimentar e se higienizar. Quando não é possível que o paciente faça determinada atividade de forma completamente independente, o fisioterapeuta tenta adaptar essa atividade para que se faça com a menor ajuda possível.

A Fisioterapia ainda pode contribuir, por meio de técnicas específicas, com a melhora da função sexual desses pacientes, a melhora da qualidade da ereção peniana e uma maior facilidade para a movimentação durante o ato sexual.

As pesquisas científicas com células tronco, chips e estimulação elétrica são extremamente importantes e promissoras, mas não dispensam a Fisioterapia. Ao contrário, é o complemento necessário para o sucesso do tratamento.

Por falar nisso, as pessoas costumam acreditar que o sucesso só ocorre quando o paciente volta a andar como antes de sofrer a lesão medular. É claro que o "andar" é fundamental, mas não se pode esquecer que esses pacientes têm vários outros problemas que, muitas vezes, os incomodam até mais, como a incontinência urinária, não poder sentir o carinho da pessoa amada ou até a dificuldade para se locomover com cadeira de rodas numa cidade como São Paulo.

Há quase seis anos, uma das pessoas que mais amo em minha vida - o meu irmão - sofreu um acidente de carro e ficou tetraplégico. Já trabalhava com lesados medulares há muitos anos e, quando isso aconteceu, mesmo assim, sofri e ainda sofro junto com a minha família as consequências que a lesão medular pode trazer. Confesso que aprendi e que continuo aprendendo o dia-a-dia com essa situação. O meu irmão tem me ajudado a aprimorar o meu conhecimento e o meu espírito.

Mas, voltando a falar em sucesso, tenho o meu irmão como exemplo a ser seguido e divulgado. Mesmo sem ter recuperado os seus movimentos completamente (ele continua tetraplégico), faz inúmeras atividades: trabalha, dá aulas - é professor de educação física e policial militar reformado -, dirige, concluiu duas pós-graduações após a sua lesão, pratica esportes radicais, atualmente é campeão brasileiro de Rugby para tetraplégicos, faz natação e atletismo adaptados e participa do Conselho Municipal de Atenção à Pessoa Deficiente em Vinhedo

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